João 4:15-26
Quando a Bíblia diz que Deus é Espírito ela quer transmitir que Deus é a somatório de todos os significados do uso de ?espírito? na Bíblia, ou seja: substância invisível e ativa que promove ações em Si e em outros. Inclui o fato que espíritos não têm corpo, é sem o tamanho, a figura, a bitola, ou o cumprimento de um corpo, completamente separado de algo que é carnal ou de matéria (Charnock, V. I, pg. 181). ?Deus é Espírito espiritíssimo, mais espiritual de todos os anjos ou almas? (ibid, citando Gerhard). Como Ele excede tudo na essência do Seu ser, assim Ele excede tudo na Sua natureza de espírito: tem nada grosso, pesado, ou de matéria na Sua essência.
Afirmando ?Deus é Espírito?, no contexto de João 4.24, manifesta verdades sobre a verdadeira adoração do homem para com a Divindade. A própria essência de Deus, e não a vontade de apenas uma Pessoa da Trindade, se agrada com adoração espiritual: espírito com Espírito.
Não é isento, nessa adoração espiritual, o uso de lugares específicos e de objetos corporais, pois tudo que Ele criou, e ao homem deu-lhe um corpo, deve dá-Lo o Seu devido louvor (Salmos 150.6). O uso do corpo, com gestos cerimoniais, como os quais Jesus referia-Se no contexto, os dos fariseus e os dos samaritanos, não Si agradaram, pois eram cerimoniais mortas, feitos por tradição e não de um coração com entendimento. Os gestos cerimoniais originalmente apontavam às verdades de Deus. Deus quer que adoremos Ele de entendimento e não com cerimônias mortas. Jesus está dizendo à mulher Samaritana que ela deve se separar de todos os modos carnais (?Nossos pais adoraram neste monte?, v. 20) e prestar louvor primeiramente nas ações do coração e acondicioná-lo mais corretamente à condição do Objeto adorado, que ?é Espírito? (Charnock, V. I, pg. 179).
Creio que podemos aprender da instrução de Cristo sobre a adoração espiritual. Alguém disse: Devemos falar a Deus como Ele é, ou seja, em espírito. Da mesma regra, como Ele é deve modificar a nossa adoração dEle. Por Deus ser tão excelente em essência, atributos e obras, Ele merece tanto a serenidade das nossas afeições quanto a maior decência das nossas manifestações.
O que a espiritualidade de Deus nos ensina da adoração espiritual?
1. A adoração espiritual somente pode ser praticada onde tem um alicerce do conhecimento da espiritualidade de Deus. Por isso Jesus relata à mulher samaritana que ?Deus é Espírito? (João 4.24). O começo de adoração correta se descobre no reconhecimento das excelências de Deus. A ignorância não gera a adoração espiritual. Se Deus é adorado, é necessário saber como é esse Deus. Não podemos reverenciá-lO se não houvermos entendimento da Sua natureza e obras.
Os Seus atributos incitam adoração espiritual. Por Deus ser misericordioso e grande em perdoar, Ele é ?temido? (Salmos 130.4), ou seja, Deus foi adorado corretamente pelo reconhecimento do Seu atributo de misericórdia. Por Deus ser um Juiz justo, um fogo consumidor, a agradável adoração com reverência e piedade a Ele é racional (Hebreus 12.28,29). Quando a profundidade e a riqueza da Sua sabedoria são consideradas, ou quando são contemplados os Seus juízos insondáveis e inescrutáveis caminhos é reconhecido que a Ele deve ser dada a glória (Romanos 11.33-36). Quando a imensidade das obras da mão de Deus é vista, o homem é levado a entender a sua própria baixeza junto com uma realização que Deus é gracioso por pensar nele e visitá-lo (Salmos 8.3,4). A benignidade de Deus para com um mundo em rebeldia contra O Santo deve levar o homem ao arrependimento, que é uma forma de adoração (Romanos 2.4). Como os Seus generosos e santos atributos nos incitem com motivos inumeráveis para adorá-lO, a Sua espiritualidade nos ensina que essa adoração deve ser espiritual, vindo da nossa alma.
Portanto, Aprenda da Palavra de Deus!
Medite na Sua Palavra (Salmos 1.1-3).
Louve Deus pelas Suas grandezas (Mateus. 6-9-13).
Faça que a sua adoração seja em espírito e em verdade
Por Deus ser Espírito, aprendemos também que:
2. Adoração espiritual sempre é agradável a Deus. As maneiras físicas de adoração podem mudar, como podem as montanhas ser mudadas em vales, mas Deus, sendo imutável, e, portanto, sempre Espírito, sempre desejará a adoração espiritual. Deus deve cessar de ser Espírito para que a adoração espiritual seja desagradável a Ele.
Deus perpetuamente deve ser adorado. Por ser Espírito perpetuamente, Deus tem o direito de ser sempre adorado espiritualmente. No jardim tinha uma maneira de mostrar á adoração, na Lei de Moisés uma outra, e ainda uma outra maneira no Novo Testamento, mas todos eram unânimes em ensinar que Deus quer ser adorado pelo espírito do homem. No Jardim de Éden era comunhão com a voz de Deus e obediência à Sua palavra (Gênesis 2.15-17; 3.8). A diferença entre as ofertas de Caim e de Abel foi a diferença na atitude do coração para com Deus (Gênesis 4.7, ?Se bem fizeres, não é certo que serás aceito??). A atitude de Abel foi com uma fé movida pelo amor, e, portanto, adoração espiritual. A atitude de Caim evidentemente não foi de coração pois, para Deus, não foi aceitável, e, portanto sabemos que não foi uma adoração espiritual. A Lei de Moisés, mesmo que tinha a multidão de ordenanças carnais, lavagem de sacrifícios, essas cerimônias não foram a adoração mais importante. A circuncisão do coração (Deuteronômio 10.16), e a adoração ?ao SENHOR teu Deus com todo o seu coração, e com toda a tua alma? (Deuteronômio 30.10) foi o principal e melhor adoração ensinada por Moisés, ou seja, adoração espiritual tinha prioridade sobre á observação das cerimônias.
Sempre convém termos um coração singular, reservado apenas para Ele, um coração sempre sensível à Sua vontade, às Suas perfeições, ou seja, um coração temente a Deus (Salmos 139.1- 4, 17, 23, 24).
A espiritualidade de Deus também nos ensina:
3. É o dever de todo homem adorar Deus em espírito tanto quanto é o dever de o homem temê-lo (João 4.24; Eclesiastes 12.13). Adoração verdadeira nada é mas atribuindo a Deus a honra que Ele merece. Portanto, a postura correto dos nossos espíritos é importante na adoração. ?Deus é Espírito? e, no espírito do homem, a imagem de Deus é mais clara. Portanto, não é racional servir o nosso Criador somente com aquilo que voltará a pó, e negar dEle aquilo que nos faz ser criaturas superiores, e aquilo que ?volte a Deus, que o deu? (Eclesiastes 12.7). É racional sermos ?sacrifícios vivos? na adoração espiritual, usando o corpo reverentemente de forma mínima, mas, na entrega maior, adorando com o nosso espírito (Romanos 12.1,2). Sendo feito segundo a Sua imagem nos obriga a exercitar aquilo em nós mais como Ele, ou seja, no espírito.
Não seja enganado em ser movido a crer que as cerimônias, movimentos ou posições do corpo superam ou igualam à adoração espiritual. Lembre-se que Deus olha no coração (1 Samuel 16:7, ?Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.?; Salmos 147.10, 11; I Pedro 3.3, 4).
Lembre-se que Deus abençoou o povo que louvava Ele com dança e musica nos tempos da bíblia, mas devemos entender que não foi pela dança ou musica, mas pelo que Ele viu no coração que tal louvor foi aceita. Ele é Espírito e quer que os que o adoram, o adorem em espírito e em verdade.
Pela Palavra de Deus, conhecemos Deus como Ele é, e o que O agrada. Está com ou sem o conhecimento dEle no seu coração? Deus se revela exclusivamente a nós pelo Seu Filho, Jesus Cristo (João 1. 18, ?Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou?). Olhe a Jesus Cristo! Conhecemos Jesus Cristo pela fé. A fé verdadeira é aquela fundada na Verdade (Hebreus 11.1). A Verdade é conhecida pela Palavra de Deus. Portanto, submete-se ao exame da Palavra de Deus. Presta atenção à pregação dela. Lê-la reverentemente na sua casa. Guarde-a no seu coração. Creia no Salvador que ela apresenta: o Jesus Cristo.
Autor: Pastor Calvin Gardner
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