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Alma e espírito são palavras que podem ter mais de um significado. E, algumas vezes, são usadas praticamente com o mesmo sentido. É o que normalmente acontece com as palavras polissêmicas (quando uma palavra tem muitas significações). Um exemplo comum em português de termos desse tipo é manga, cujo significado deve ser determinado pelo contexto em que é usado. Assim, manga pode referir-se a uma fruta, a um pedaço de tecido e/ou a uma peça de automóvel. Seu verdadeiro sentido, no entanto, dependerá do contexto em que estiver sendo usado, como já falamos. A palavra alma relaciona-se com as necessidades básicas da vida e até mesmo com a própria vida. Então, poderá ser traduzida por “vida”, “alma”, “criatura”, “pessoa”, “apetite”(ou “desejo”), “mente” e o “próprio ser”. Tudo dependerá do contexto em que estiver sendo empregada. O Senhor afirmou em sua palavra que a alma pode morrer (Ez 18.4,20), pois, nesse contexto, o termo “morte” significa separação, e não extinção. O apóstolo Paulo diz que Deus nos vivificou quando ainda estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Mas o homem não pode matar a alma. Somente Deus pode fazer perecer no inferno tanto a alma quanto o corpo (Mt 10.28). Geralmente, os sectários (testemunhas-de-jeová e adventistas do sétimo dia) apreciam somente as opções de tradução que se referem à alma como atributos do corpo, o que é um equívoco. Enquanto a palavra alma ocorre muitas vezes nas Escrituras (cerca de 380) referindo-se às pessoas e abrangendo o relacionamento do eu com o mundo exterior, a palavra espírito ocorre cerca de 550 vezes em referência a pessoas e, algumas vezes, abrange o relacionamento do eu consigo mesmo e com Deus, de forma mais estreita. Temos, ainda, as posições dicotômicas (doutrina que afirma que o homem é composto de corpo e alma/espírito) e tricotômicas (doutrina que afirma que o homem é composto de corpo, alma e espírito). Tais diferenças ainda causarão muitas discussões, contudo, todos estamos conscientes da responsabilidade que as pessoas terão diante de Deus no dia do juízo. Assim como estamos conscientes de que as pessoas salvas em Cristo Jesus têm a vida eterna e, durante a morte física, estarão com o Senhor aguardando a ressurreição do corpo. “Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne” (Fp 1.22-24).
Usamos, em nosso dia-a-dia, expressões não exatas cientificamente. Por exemplo, quando dizemos que “o sol está se pondo” ou “o sol já nasceu”, não queremos ser cientificamente exatos, mas isso não significa ignorância científica. O que significa a expressão “quatro ventos dos quatro ângulos dos céus”? Deve significar o mesmo que a expressão “os quatro pontos cardeais”, cujo sentido é a plenitude do horizonte. Semelhantemente, encontramos expressões bíblicas indicando a mesma coisa. Lemos em 1Crônicas 9.24: “Os porteiros estavam aos quatro ventos: ao oriente, ao ocidente, ao norte e ao sul”. Quando as Escrituras dizem “quatro ventos do céu”, como ocorre no texto enfocado (“Trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro ângulos do céu, e os espalharei na direção de todos estes ventos, e não haverá nação aonde não cheguem os seus fugitivos”, Jr 49.36) geralmente está-se referindo aos poderes governamentais. Quanto à pergunta se o universo teria uma forma finita, não podemos definir a questão. Se entendermos que houve uma conclusão da obra criativa de Deus a resposta seria sim. Também devemos considerar que “sustentar o universo” é uma forma de trabalho. “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hb 1.3).
Vejamos o que diz o texto: “Sansão clamou ao SENHOR e disse: SENHOR Deus, peço-te que te lembres de mim, e dá-me força só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos filisteus, pelos meus dois olhos. Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do meio, em que se sustinha a casa, e arrimou-se sobre elas, com a mão direita numa e com a esquerda na outra. E disse: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que matou na sua morte do que os que matara na sua vida” (Jz 16.28-30). Não encontramos nenhuma evidência de suicídio, ou de eutanásia. Se Sansão tivesse um desses objetivos, isto é, se desejasse a morte devido à frustração de ter sido capturado pelos filisteus, certamente teve diversas oportunidades para se matar. Se Sansão desejasse acabar com seu sofrimento devido à cegueira e às dores da mutilação, também poderia ter feito alguma coisa antes dessa ocasião. Além disso, a força de Sansão para tamanha destruição não veio dele, mas foi proveniente de Deus. Dessa forma, aceitar o ato de Sansão como suicídio significaria dizer que o próprio Deus o concedeu forças sobrenaturais para fazê-lo, o que não pode ser concebido diante da natureza divina. Devemos entender que os filisteus eram um povo que se opunha a Israel e não buscava a paz, como fizeram os gibeonitas (Js 9). Sansão estava lidando com inimigos irreconciliáveis, sabia que um confronto poderia causar-lhe a morte, quer essa morte fosse devido à queda do edifício, quer ocorresse após a queda do edifício por meio da retaliação de algum filisteu. Encontramos Sansão no rol de Hebreus (11), um homem que pela fé livrou Israel de seus inimigos. |
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Lemos em Ezequiel 18.23: “Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor Deus. Não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?”. Deve parecer estranho a doutrina da condenação eterna diante de um apelo tão amoroso! A argumentação das seitas parece lógica e satisfatória. Uma testemunha-de-jeová ou um adventista do sétimo dia talvez diria: “se o seu filho, de poucos anos, lhe roubasse um real para comprar balas você o atormentaria com fogo ao menos um instante? Ou, então, ele poderia ser preso por isso?”. Sem dúvida, a resposta para essas duas opções seria não! Contudo, precisamos entender o que Deus realmente está condenando. Se o Senhor visse apenas o ato do pecado, como nós limitadamente vemos, o juízo divino poderia ser diferente. Mas Ele vê muito além do que podemos imaginar. O Senhor Deus não condena apenas um ato, mas todas as implicações que esse ato ocasiona. Além dessa visão, digamos, horizontal do pecado, Deus vê “verticalmente” a profundidade abismal das raízes do pecado. O pecado fere o princípio básico da criação, a lei que Deus determinou como base de todas coisas: o amor ao próximo. Quando esse princípio é ferido, outro princípio, semelhante a esse, também é atingido: amar a Deus sobre todas as coisas. Será que o Senhor Deus deixou a humanidade à mercê do inferno? Não! Houve uma provisão, e essa provisão supera abundantemente os efeitos do pecado. Aqueles que, pela fé, estão em Cristo, não vivem mais sob a condenação (Veja Rm 5.16,18; 8.1). Será que o Senhor Deus tem prazer na morte do ímpio? Não, conforme já vimos em Ezequiel. Mas muitos, infelizmente, rejeitam a provisão divina: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniqüidade e não atenta para a majestade do Senhor” (Is 26.10). Aqueles que negligenciam e rejeitam a provisão de Deus não podem escapar do juízo condenatório: “como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação? a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” (Hb 2.3). Assim como os benefícios da graça de Cristo Jesus, quando alguém a recebe, significam vida eterna, semelhantemente rejeitar tais benefícios redundará em morte eterna, isto é, separação e condenação eternas. “Tribulação e angústia virão sobre toda a alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego; glória, porém, e honra, e paz a qualquer que pratica o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego” (Rm 2.9-10).
A alguns notáveis servos de Deus que tiveram seus nomes mudados: Abrão, Sarai e Jacó. Respectivamente, depois da troca, passaram a se chamar: Abraão, Sara e Israel. Qual a importância da troca de seus nomes? Será que sofreram alguma mudança em sua personalidade ao receberem outro nome? Antes de considerarmos essas questões, devemos primeiro entender a relação entre Deus e sua iniciativa de trocar o nome de alguém. O Senhor Deus não tem apenas o poder de mudar nomes, mas também de atribuir novo nome a quem desejar. Ele escolheu o nome do primeiro homem, Adão, nomeou João Batista e, finalmente, designou o nome de seu Filho, Jesus. Também delegou a outros a autoridade para atribuir nomes. Como exemplo, temos Adão, que teve o trabalho de atribuir nomes aos animais (Gn 2.19-20). Coube a ele, ainda, escolher o nome de sua esposa, Eva, e de seus filhos. Eva, depois, também cumpriu essa “missão” de escolher nomes. Os nomes podem ter diversos significados. Algumas vezes, servem para identificar uma pessoa, suas qualidades ou condição de vida. Mas também podem significar a situação político-social da época. Foi o que ocorreu com a mulher de Finéias, que chamou seu filho de Icabô: “E chamou ao menino Icabô, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque a arca de Deus foi tomada e por causa de seu sogro e de seu marido” (Veja 1Sm 4.19-22). O nome pode influenciar a vida de uma pessoa? Não! As pessoas citadas acima não foram mudadas em nenhum sentido ao receberem novos nomes. As trocas ocorreram devido às circunstâncias de suas vidas. Antes de trocar o nome de Abrão e de Sarai, o Senhor havia primeiro mudado a situação em que se encontravam. Muitos asiáticos adicionam outro nome ao de sua família e, nessas culturas, esse novo nome é apenas um pseudônimo. Embora não haja nenhum poder místico sobre o nome de uma pessoa, os cristãos devem ser sábios ao escolher o nome de seus filhos. Ainda que o nome não seja bíblico, devemos ter o cuidado de não torná-lo tão exótico a ponto de causar constrangimento. O equilíbrio e o bom senso devem nortear cada decisão cristã.
O chamado de Deus na vida de Moisés foi muito importante. Mas somente “chamar” não garante o sucesso, é necessário obedecer. Alguns ainda insistem em fazer a obra de Deus sem assumir um compromisso pessoal com Ele. Essa falta desqualifica o enviado. Também, encontramos outras ocasiões em que Deus foi “duro” com Moisés. Mas o episódio do capítulo 4 de Êxodo é surpreendente. Se considerarmos o texto, verificaremos que a ênfase não é tanto em Moisés, mas em sua esposa, Zípora. Vejamos: “E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o SENHOR o encontrou, e o quis matar. Então, Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho, lançou-o a seus pés e disse: Certamente me és um esposo sanguinário. E desviou-se dele. Então ela disse...” (Veja Êx 4.21-26). Não obstante não ter sido ainda regulamentada pela lei, que estava por vir, Moisés conhecia claramente a importância da circuncisão. Contudo, a ênfase em sua esposa Zípora indica que ela talvez não estivesse concordando com a circuncisão. O versículo 26 enfatiza a rejeição de Zípora. Ao que tudo indica, Moisés estava sendo impedido por sua esposa de obedecer a esse preceito da tradição. Tendo esses pontos em mente, podemos concluir que o Senhor realmente chamou e enviou Moisés, contudo, sua esposa relutava em aceitar o costume da circuncisão. Sua rejeição, talvez, fosse por considerar a circuncisão como algo desnecessário ou impraticável. Somente quando o Senhor insistiu na obediência de Moisés, colocando-o sob pressão, que sua mulher cedeu e permitiu a circuncisão. Encontramos, também, em algumas passagens das Escrituras, Deus pressionando outras pessoas para que pudessem entender determinadas situações. Tomemos cuidado, pois muitas coisas que consideramos sem importância podem ser fundamentais. Embora não tenhamos hoje o costume da circuncisão, conhecemos, porém, suas implicações escriturísticas. A circuncisão, entre outros fatores, servia para identificar a nação santa, escolhida para trazer ao mundo o descendente que demonstraria todas as credenciais de sua unção. Estamos falando do Messias. Além disso, a Bíblia nos admoesta a circuncidar o prepúcio do nosso coração. |
Deus não permitiu que o homem tivesse absoluta certeza da localização específica do Jardim do Éden. Qual a verdadeira localização do Jardim do Éden?
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O Jardim do Éden ou Paraíso tem sido considerado por muitos um mito. Por alguns um ideal. E ainda por outros uma figura de linguagem de uma vida de deleite. Também tem sido alvo de muitos estudos teológicos, pois ali está a gênese da humanidade, o nicho do egoísmo, da rebelião e do pecado. Mas, acima de tudo, ali houve a promessa de um Redentor que não apenas restauraria o caminho, mas seria o próprio caminho, a verdade que liberta e a vida tão almejada (Jo 14.6). Logo no início do relato bíblico encontramos detalhadamente informações sobre o Jardim do Éden. A Palavra de Deus nos diz: “E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há obdélio, e a pedra sardônica. E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe. E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o lado oriental da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates (Gn 2.10-14; grifo do autor). A Palavra de Deus tem-se mostrado verdadeira em todos os níveis, seja no âmbito arqueológico, antropológico ou histórico. Ainda assim, alguns têm perguntado sobre a existência dos primeiros dois rios e sua união fluvial com os outros dois. Pois temos a comprovação da existência dos dois: Tigre e Eufrates, enquanto Pison e Giom não foram encontrados. Podemos ter alguma idéia sobre esses rios pelos nomes que lhes são aplicados. O rio Tigre, provavelmente, tinha outro nome (Hidequel) ou ele era chamado por esse nome somente pelos hebreus. Entre o rio Tigre e o rio Eufrates ficava a região conhecida como Mesopotâmia, palavra que significa “entre rios”. A Bíblia diz que do Éden saía um rio que se dividia em quatro cabeceiras. Isso demonstra que o Jardim deveria compor uma extensão considerável, talvez abrangendo dezenas de quilômetros, não era apenas um “quintal”. Dentro desse hábitat, Adão pôde desempenhar sua primeira missão, dar nomes a todos os animais (Gn 2.19). Esse lugar de deleite (Éden) não excluía o trabalho, antes, o trabalho era edificante e trazia seus frutos. É interessante notar que alguns estudiosos têm afirmado que a palavra “éden” teria sua origem do acádico edinu, que significa “campo aberto”. Contudo, o consenso geral é de que a palavra tem sua origem no hebraico eden, isto é “deleite”. Se onde há fumaça pode haver uma clareira, então talvez o reflexo acadiano compartilha a idéia de um lugar amplo e de verdadeiro deleite. O catedrático Antonio Neves de Mesquita, em sua obra “Povos e Nações do Mundo Antigo”, descreve a possível localização do Éden confirmando a etimologia de seu nome: “A região norte da Mesopotâmia é realmente interessante, tanto na flora, como na fauna e no clima. Em volta da montanha onde o Eufrates tem a sua nascente, há um verdadeiro jardim. Os vales são ricos e produzem abundantemente uvas, tâmaras, morangos, pêras, figos e uma infinita variedade de outras frutas. As flores são lindas e de aroma particularmente inebriante. A parte oriental do lago Van é composta de pomares verdejantes e jardins, onde, ao lado da riqueza e abundância, a variedade de plantas odoríferas é de tal modo abundante, que embalsama o ar. O clima da região é um misto de tropical e temperado; o céu é sempre límpido e a brisa, refrescante; nos períodos de calor, torna-se encantadora a região. Se o jardim era como diz a narrativa bíblica, um encanto para o homem, e nós aceitamos o fato sem qualquer dúvida, e se houver um recanto na face da terra onde se possam encontrar vestígios desse encanto, só temos de aceitar a região da alta Mesopotâmia”.
A questão levantada aqui diz respeito aos dois rios “perdidos”. Alguns estudiosos procuram aplicar o nome desses dois rios aos distantes Nilo e Indo. Contudo, somente com muito esforço poderíamos aceitar tais hipóteses. Devemos procurar esclarecimentos no próprio livro de Gênesis. Uma leitura mais precisa do texto nos traz alguns esclarecimentos. Estamos acostumados a nos referir ao Dilúvio como “chuva intensa durante quarenta dias e quarenta noites” (Gn 7.12). E isso é verdade! Mas, além disso, lemos nas Escrituras: “No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites” (Gn 7.11,12; grifo do autor). Notemos que houve uma mudança continental. Romperam todas as fontes do grande abismo. Ou romperam todas as fontes do grande oceano. Maremotos, terremotos... Um verdadeiro cataclismo sobreveio à terra. Toda essa fúria provavelmente cooperou para que houvesse o soterramento de rios e a abertura de outros. Evidentemente, o autor, inspirado, tinha a compreensão da diferença topográfica de seus dias ao fazer sua declaração. Entretanto, ainda assim foi fiel à revelação do Espírito de Deus. Podemos concluir que as seguintes mudanças ocorreram da seguinte forma: Primeiro, o rio principal que alimentava as cabeceiras foi provavelmente dividido em duas cabeceiras independentes. Segundo, provavelmente Pison e Giom tiveram as seguintes interferências: 1. Foram soterrados. 2. Tiveram seu curso fluvial reduzido e perderam seu leito original. 3. A arqueologia poderá ainda trazer mais luz ao assunto, corroborando com a primeira idéia. Talvez poderíamos mencionar o apóstolo Paulo, que diz: “Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual” (1Co 15.46). Deus, em sua soberania e providência, não permitiu que o homem tivesse absoluta certeza da localização específica do Jardim, devido às tendências supersticiosas e idólatras. Fazendo isso, enfoca agora o espiritual. Cristo, o segundo Adão, vivificado no espírito (1Pe 3.18), chama toda a humanidade, por meio do evangelho, ao Caminho que um dia Adão e Eva abandonaram pela desobediência; à Verdade que um dia trocaram pela mentira; e à Vida em comunhão que perderam. Talvez nunca saberemos o lugar exato do Jardim do Éden, contudo, já temos em Cristo o deleite da paz com Deus (Rm 5.1). |
Existem algumas exceções nas Escrituras que devem ser entendidas com uma significação real |
A Bíblia é a Palavra de Deus revelada ao homem. Foi escrita com o objetivo de comunicar a vontade de Deus à humanidade, mas principalmente ensinar a Igreja. Inicialmente, devemos ter em mente três coisas para que possamos entender a Bíblia.
Primeiro, Deus revela ao homem coisas terrenas e celestiais, sendo esta última de difícil entendimento. É necessário compreendermos o objetivo maior das Escrituras.
Segundo, foi necessário que Deus nos falasse usando uma linguagem que pudéssemos entender, pois, ainda que sua Palavra seja perfeita, nosso entendimento não é. Existem algumas exceções nas Escrituras que devem ser entendidas com uma significação real, ou seja, devemos buscar o entendimento espiritual — e somente o Espírito Santo poderá indicar uma compreensão mais profunda (veja Hb 9.8). A Bíblia Apologética tem como objetivo defender as doutrinas cristãs de maneira clara para o alcance do povo cristão.
E terceiro, quanto à posição do inferno, as Escrituras ora afirmam sua localização nas “partes inferiores da terra”, ora “embaixo”. Enquanto os céus e qualquer outra afirmação positiva no relacionamento com Deus são referidos como algo acima, aquilo que está numa posição negativa para com Deus é mencionado como inferior. Então, segundo o conhecimento dos servos de Deus, antes do Calvário, ainda que a morte significasse descer, como no caso de Jacó, Davi e Lázaro, a exceção poderia existir, como no caso dos arrebatamentos de Enoque e Elias. E sabemos que as exceções sempre têm algo a enfatizar. Esse foi o objetivo de Deus, enfatizar, indicando algo novo, que no Novo Testamento representa o arrebatamento da Igreja.
Mas Enoque e Elias realmente subiram? Sim! Subiram, ainda que, neste caso, fossem uma exceção! Como, então, conciliar esse fato com o que está escrito em João 3.13?, que diz: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem que está no céu”. Jesus teria se equivocado? Não! Pois Ele é a própria Palavra de Deus! O apóstolo Paulo, escrevendo aos romanos (10.6,7), esclarece a questão mencionando o texto de Deuteronômio 30.11-14, no qual Deus afirma que a Lei não estava além do alcance dos israelitas. Segundo o texto, os israelitas não precisam da ajuda de alguém para que pudessem entender o significado de “subindo ao céu ou descendo ao abismo”.
Agora, Jesus usa de autoridade para falar de coisas celestiais. Que autoridade é essa? Ora, ninguém subiu aos céus com o objetivo de ensinar as coisas celestes (realmente Enoque e Elias não subiram para depois descerem e ensinarem a Israel), senão o que desceu do céu, o Filho do homem, Cristo Jesus.
Não temos informações suficientes para delinearmos o campo de atuação dos demônios |
A narrativa no evangelho de Mateus menciona somente o pedido dos demônios para que fossem enviados aos porcos. Mas o evangelho de Marcos fala do desejo prévio dos demônios de que não fossem enviados para fora do país, ou seja, daquele território geográfico. Lucas menciona que os demônios não desejavam ser expulsos e lançados no abismo — uma referência ao hades. O ponto básico é que os demônios queriam evitar o tormento, conforme mencionado em Mateus 8.29. Alguns estudiosos explicam que na região de Decápolis se concentravam os judeus helenizados, apóstatas. Não temos aqui informação suficiente para delinearmos o campo de ação dos demônios. Podemos concordar que deve haver uma hierarquia baseada no poder desses seres espirituais. Contudo, o texto bíblico enfatiza a soberania de Jesus sobre quaisquer classes demoníacas. Enquanto os exorcistas afirmavam que precisavam saber os nomes das entidades manifestadas, notamos que o Senhor Jesus apenas ordenou uma vez a toda legião, e não houve necessidade que identificasse um por um.
Como devemos orar antes das refeições? |
A alimentação é um assunto muito comum nas Escrituras, e muitas vezes é usado como ilustração para demonstrar a fraternidade entre os irmãos (Gn 31.54), abrigo ao estrangeiro (Dt 10.18,19) e até mesmo para buscar paz (Gn 31-48) e alianças (Gn 18.5). No dia-a-dia, a maioria dos judeus observava o hábito de dar graças à mesa, pela refeição. Esse costume foi ainda mais enfatizado depois da Páscoa. Não somente oravam antes da refeição, mas também tinham de fazer o mesmo depois de terminada (Dt 8.10).
Encontramos diversas ocasiões em que Jesus orou antes de uma refeição. Essas orações foram registradas devido à importância dos fatos relacionados: a multiplicação dos pães para cinco e quatro mil pessoas, respectivamente (Jo 6.11 e Mt 15.36), a última Páscoa (Mt 26.26) e com os discípulos de Emaús (Lc 24.30). Também encontramos o apóstolo Paulo publicamente rendendo graças e partindo o pão (At 27.35).
Entretanto, não encontramos uma fórmula definida para a prática das orações antes e depois das refeições. Geralmente, as orações para as refeições domésticas tratam de assuntos familiares, enquanto as orações antes e depois das refeições em grupo, como, por exemplo, festa ou culto, devem tratar dos assuntos sociais mais complexos.
Também, variava quem recebia a incumbência de orar pela família. Poderia ser o pai ou um visitante, geralmente mais velho. Ou acontecia de todos os membros da família orarem juntos. Na maioria das vezes, as orações eram espontâneas, sem uma fórmula. Contudo, algumas vezes as orações eram formais: Bendito sejas, Deus, Rei do mundo, que fazes o pão brotar da terra.
A oração ensinada por Jesus contém diversos pontos, entre eles encontramos o pedido pelo pão diário: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém” (Mt 6.9-13; grifo do autor).
Nossas orações devem ser sinceras e voltadas para o aprendizado das crianças. É um momento importante para ensinarmos a necessidade da oração. Alguns irmãos, sabiamente, têm usado as orações antes das refeições como uma oportunidade de ensino para que seus filhos aprendam a orar em público.
Não existe nenhuma fórmula definida pela Bíblia para essa prática...
Pr. João Flávio & Presb. Paulo Cristiano
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