Neste capítulo preocupar-nos-emos com o local e a condição tanto dos justos como dos ímpios na eternidade. E tanto quanto a ressurreição e o julgamento de ambas as classes estão envolvidos nos seus estados finais, escolhemos considerar estes assuntos neste capítulo também.
I. A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
1. É PARA HAVER UMA RESSURREIÇÃO TANTO DOS JUSTOS COMO DOS ÍMPIOS
Isto está ensinado em Daniel 12:2 iniludível e inegavelmente.
2. MAS AS DUAS CLASSES NÃO SÃO PARA RESSURGIREM JUNTAS
(1). As Escrituras ensinam que haverá uma ressurreição separada dos justos.
As passagens que ensinam isto calham em duas classes:
A. Passagens que falam de uma ressurreição “dentre” os mortos. Há duas passagens tais: Luc. 20:35; Fil. 3:11.
A primeira passagem reza: “Mas os que forem havidos por dignos de alcançar aquele mundo e A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, nem hão de casar, nem ser dados em casamento”. Que este verso se refere a uma ressurreição em que só os justos falecidos participarão mostrado está de dois modos:
(a). A frase “ressurreição dos mortos” é a mesma como aquela que está sempre usada para designar a ressurreição de Cristo (Atos 17:31; Rom. 1:4; 1 Cor. 15:20; 1 Ped. 1:3) e é manifestamente diferente no sentido da frase genérica “ressurreição dos mortos”. A primeira frase não é nunca usada quando se alude tanto à ressurreição dos justos como à dos ímpios. Doutro lado da ressurreição de Cristo nunca se diz ser uma “ressurreição dos mortos”. Ele foi ressurgido dentre os mortos e assim será com os justos segundo a passagem em foco.
(b). Está este ensino confirmado pelo contexto da passagem. O verso em seguida ao em consideração conta-nos que aqueles que participam desta ressurreição não podem “morrer mais, porque são iguais aos anjos e são os filhos de Deus, sendo os filhos da ressurreição”. O autor foi uma vez abordado com estes versos como um argumento contra a ressurreição os ímpios. Sua resposta tomou o jeito do atual tratado. Francamente, se ela crera numa ressurreição geral, totalmente perdido estivera para responder ao argumento.
A segunda passagem acha Paulo dizendo: “Para ver se de alguma maneira posso chegar à RESSURREIÇÃO DOS MORTOS”. (Fil. 3:11). A teoria de uma ressurreição geral torna estas palavras sem sentido. Certamente Paulo não teria precisado de se preocupar com participar de uma ressurreição geral, pois ele creu tenazmente na ressurreição tanto dos justos como de ímpios. Vide Atos 24:15. Também a linguagem aqui é muito forte, empregando o ex, tem exanastasin tem ek nekron, significando, quando completamente traduzido, “a ressurreição fora de, que é dentre os mortos”. A linguagem não podia transmitir mais fortemente o sentido em que estamos aqui insistindo.
B. Passagens que descrevem a ressurreição dos justos somente. Tais passagens acham-se em 1 Cor. 15:21-23; 1 Tess. 4:14-16.
A primeira passagem aqui trata do assunto da ressurreição como se somente os justos serão ressuscitados (*). Isto é compreensível só sobre um fundamento e esse é que há uma ressurreição em que só os justos participam.
A segunda passagem fala da ressurreição dos justos somente e não deixa logar na ocasião para a ressurreição dos ímpios. Os justos falecidos são para produzirem-se em corpos vivos transladados a encontrarem o Senhor no ar. Não há indicação que Cristo vem a terra nesse tempo, como seria necessário, se os ímpios falecidos fossem para ser levantados e julgados neste ponto.
Apoc. 20:5,6 fala da “primeira” ressurreição, da qual só os justos participam. Nossos oponentes, sem dúvida, como já foi notado, buscam roubar a estes versos o seu sentido manifesto; mas note-se que a nossa interpretação deles ajusta-se exatamente ao sentido simples de outras passagens já citadas, ao passo que nossos oponentes devem tentar explicar cabalmente os versos sem amparo escriturístico específico.
(2). As Escrituras também descrevem a ressurreição em que ninguém senão os ímpios figuram.
A descrição a que se refere é achada em Apoc. 20:11-15. E notai que a afirmação de a “morte e o Hades foram lançados no lago de fogo” não pode significar menos que todos os ocupantes da morte e Hades foram neste tempo lançados no lago de fogo; implicando, distintamente, que os justos não se acharão entre os mortos na ocasião, tendo sido ressurgidos previamente. A presença do livro da vida neste julgamento não dá evidência que seja de qualquer escrito estar lá incluído. Estará lá como prova de que os ímpios não têm seus nomes nele.
(3). As passagens em que se amparam nossos oponentes como ensinando uma ressurreição geral são inconclusivas e cedem às passagens já citadas sem sofrerem violência
As passagens em que se amparam nossos oponentes são: Dan. 12:2; João 5:28,29; Atos 24:15. Nelas observamos:
A. A associação de justos e injustos juntos na ressurreição não prova que eles serão ressurgidos simultaneamente. A Bíblia muitas vezes associa coisas parecidas que estão separadas quanto ao tempo. Como um caso a calhar podemos nos referir outra vez à citação de Cristo de Isa. 61:1, onde Ele se deteve no meio do verso porque a outra parte não tinha que ver com o Seu ministério corrente senão com o Seu segundo advento. Vide Lucas 4:18,19. Assim, num breve verso, temos um intervalo que se estendeu já por mais de mil novecentos anos. Outra vez, podemos citar Mal. 3:1-5 como se referindo a ambos os adventos de Cristo, não obstante sua separação quanto ao tempo. Como João A. Broadus aptamente diz, a purificação mencionada nesses versos não “significa simplesmente que Ele purificaria indivíduos por consumir o que neles estivesse defeituoso, mas Mal. 4:1-3 mostra-o significando que Ele purificaria a nação por consumir os indivíduos ímpios como restolho e então os verdadeiros justos da nação regozijar-se-iam e prosperariam”. Assim a passagem não pode ser aplicada totalmente ao primeiro advento de Cristo. E mais ainda, em Mat. 3:11 João Batista associou o batismo “no Espírito Santo e no fogo”, onde o verso seguinte mostra que o batismo em fogo não alude às línguas de fogo no Dia de Pentecostes, mas ao fogo do julgamento. Assim, mais uma vez duas coisas separadas por séculos são mencionadas juntas como se ocorressem no mesmo tempo.
B. A tradução de Dan. 12:2 por Tregelles alivia completamente esta passagem de sua suposta alusão a uma ressurreição da geração – “E muitos dentre os que dormem no pó da terra despertarão, estes que despertam, serão para a vida eterna; mas aqueles – o resto dos que dormem, que não despertam neste tempo – serão para vergonha e nojo eternos.”
C. João 5:28,29, pode ser entendido como se referindo a duas ressurreições tão facilmente como pode ser entendido como se referindo a uma. Estes versos mencionam “a ressurreição para a vida” e “a ressurreição para o julgamento”. E o emprego de “honra” no verso 28 não pode ser insistido como provando simultaneamente, desde que a “hora” da ressurreição espiritual, mencionada no verso 25, cobre este tempo inteiro. “Hora”, aqui, quer dizer simplesmente tempo – o tempo está chegando, etc. Alvah Hovey observa muito justamente a respeito destes versos: “Se a ressurreição das duas classes aqui mencionadas terá logar ao mesmo, ou em tempos deferentes, é o que não está feito perfeitamente certo por esta linguagem; mas, se nada há noutros logares mais do Novo Testamento incoerente com a idéia que a ressurreição de ambos será no mesmo tempo, isto é, certamente, a interpretação mais obvia da linguagem aqui usada”. Concordamos; mas insistimos, e cremos que temos mostrado, que há isso em o Novo Testamento que é incoerente com uma ressurreição geral.
D. Interpretar Atos 24:15 como ensinando uma ressurreição geral é assentar a Paulo em variação consigo mesmo. Duas vezes ele descreve a ressurreição dos justos sem mencionar os ímpios. E uma vez ele fala do seu fervoroso desejo de “conseguir a ressurreição dos mortos” (Fil. 3:11), usando a linguagem mais forte possível para indicar que ele estava pensando numa ressurreição seletiva.
3. O TEMPO DA RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS
Em 1 Tes. 4:15-17 Paulo torna-o claro que os justos serão ressurgidos no tempo da aparição de Cristo no ar – a primeira fase de Sua vinda; nesse tempo os santos vivos serão transladados e raptados também. Conquanto o mesmo escritor, em 1 Cor. 15:23, liga a ressurreição com a parousia ou segunda fase da vinda de Cristo, que se deve, cremos, ao fato de Paulo, segundo um costume escriturístico já aludido, associar juntas as duas fases da vinda do Salvador, não obstante sua separação no tempo. Á luz de outros exemplos tais associação, nenhum argumento se pode achar aqui contra nossa posição quanto à separação temporal das duas fases do segundo advento. Esta associação torna-se ainda mais natural se, como cremos, a primeira ressurreição for contínua, principiando com a aparência de Cristo no ar e continuando ao passo que os santos morrem por toda a grande tribulação e até ao milênio. Notai no Apoc. 11:11 a ressurreição das duas testemunhas após três dias. Notai também, como já foi apontado, que nenhum dos justos será achado no Hades ao tempo da ressurreição dos ímpios. Apoc. 20:14.
II. O JULGAMENTO DOS VIVOS E DOS MORTOS
Todos os homens comparecerão perante Cristo no julgamento de alguma maneira e nalgum tempo, porém nem todos da mesma maneira e no mesmo tempo. Notai:
1. O JULGAMENTO DOS GENTIOS VIVOS
Mat. 25:31-46. Isto é para ter logar quando Cristo vier para reinar. Marcará o fim desta época ou era e o começo da era milenial. Haverá três classes presentes neste julgamento – ovelhas, bodes e irmãos, mas somente ovelhas e bodes serão envolvidos no julgamento. Estes serão separados na base de como trataram os irmãos de Cristo, não na base de como se trataram mutuamente. A única idéia sensível é que estes irmãos de Cristo são judeus crentes, que pregarão o Evangelho durante o período da grande tribulação. De baixo da besta ninguém pode favorecer a estes missionários judeus, exceto em risco de morte e ninguém ousará faze-lo exceto crentes. Assim será possível fazer uma separação infalível nesta base; não que o bom tratamento dos judeus é o que salvará os gentios, mas antes o que indicará que estão salvos. As ovelhas aqui são aqueles que deverão ser salvos durante a grande tribulação. Este julgamento é manifestamente de nações como indivíduos e não no agregado. Uma nação como tal, aparte dos indivíduos que a compõem, não pode ser lançada no “fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (vs. 41). Para referência do Velho Testamento a este julgamento vide Joel 3:2,11a14.
2. O JULGAMENTO DA NAÇÃO JUDAICA.
Acima apontamos que os “irmãos não são julgados com os gentios. Assim está implicado para eles um julgamento separado. A este julgamento as Escrituras fazem alusão definita. Vide Isa. 1:25,27,28; 4:4; Zac. 13:8,9; Mal. 3:3. Este julgamento terá logar em conexão com a conversão de Israel”.
3. O JULGAMENTO DAS OBRAS DOS CRENTES GLORIFICADOS.
Vide 2 Tim. 4:8; Fil. 2:16; 1 Ped. 5:4; Apoc. 22:12. Os pecados dos crentes já foram julgados. O crente não pode nunca entrar em condenação por eles. Mas suas obras serão julgadas. 1 Cor. 3:13-15. Nada há penal sobre este julgamento. O crente ou recebe recompensa ou perdas de acordo com o que ele fez e com a qualidade de sua obra.
4. O JULGAMENTO DOS PERDIDOS FALECIDOS.
Apoc. 20:11-15. Isto terá logar no fim da pequena sasão durante a qual Satanás será solto em seguida ao milênio. Logo antes deste julgamento os ímpios na terra serão mortos. Apoc. 20:9. Então todos os ímpios, incluindo talvez aqueles julgados em Mat. 25:31-46, serão ressurgidos, julgados e lançados no lago de fogo. Tentem como puderem, nossos oponentes não podem indicar um simples indício de que isto é para ser um julgamento geral. Eles tentam identificar este julgamento com o descrito em Mat. 25:31-46, mas notemos:
5. CONTRASTES ENTRE ESTE JULGAMENTO E O JULGAMENTO DOS GENTIOS VIVOS EM MAT. 25.
EM MATEUS 25:31-46 | EM APOCALIPSE 20:11-15 |
1. Ninguém se menciona exceto os vivos | 1. Ninguém se menciona exceto os mortos ressuscitados. |
2. O juízo está explicitamente ligado com a segunda vinda de Cristo | 2. Nenhuma menção é feita da segunda vinda de Cristo em conexão com o julgamento, imediata. |
3. Não há indícios do milênio, nem mesmo qualquer lugar perceptível para um milênio de justiça precedendo este julgamento. | 3. Está definitivamente afirmado que o julgamento vem ao cabo da “pequena sasão”, durante a qual Satanaz é solto depois do milênio |
4. Nada se diz do julgamento de Satanás. | 4. O julgamento e a perdição de Satanaz estão claramente revelados. |
5. A base do julgamento é o tratamento dispensado aos irmãos de Cristo. | 5. Nenhuma menção está feita dos irmãos de Cristo. |
6. Duas classes se distinguem: ovelhas e bodes – salvos e perdidos. | 6. Nenhuma menção está feita de quaisquer, exceto aqueles lançados no lago de fogo. |
Cada um destes contrastes ajusta-se belamente ao sistema pré milenial, ao passo que cada um deles está morto contra a idéia de nossos oponentes. Muitos deles eles os ignoraram. Uns poucos deles eles tentam descartar. Agora, que será dito da lógica daqueles que rejeitam uma idéia em que entram estes contrastes e depois adotam uma teoria que está em variação com cada um deles?
Ainda mais, achamos que a besta e o falso profeta já estão no lago de fogo antes deste julgamento começar. Nossos oponentes não têm explicação para este fato, desde que a besta (sendo manifestamente a mesma que o homem do pecado) é para ser destruída na segunda vinda de Cristo. Se este julgamento ocorre na segunda vinda de Cristo, como explicar o fato de a besta e o falso profeta já estarem no lago de fogo?
6. PASSAGENS QUE SÃO TIDAS POR ENSINAREM UM JULGAMENTO GERAL.
As passagens usadas como textos provas pelos advogados de um juízo geral, são: Mat. 7:22; João 5:28,29; Atos 17:31; Rom. 2:5-9; 2:16; 14:10; 2 Cor. 5:10; 2 Tim. 4:1; 4:8; 2 Ped. 3:7; Apoc. 11:18. A respeito destas passagens observamos:
(1). Mat. 7:22; Atos 17:31; Rom. 2:5-9; 2:16; 2 Ped. 3:7 e Apoc. 1:18 todas se referem ao julgamento das nações como descrito em Mat. 25:31-46.
Objeta-se que Rom. 2:9 menciona os judeus, nós respondemos que o julgamento dos judeus (nação) ocorrerá em íntima conexão com este julgamento, provavelmente logo antes ou logo depois. Ambos virão como uma parte do “dia da ira e revelação do juízo justo” de Deus. Se disser que Rom. 2:5 implica que o povo então vivo estaria no julgamento aludido, o que não será o caso segundo nossa idéia, respondemos que isto é na base do fato que a segunda vinda de Cristo é comumente representada como um evento que podia ocorrer durante essa geração. Notai em 1 Tess. 4:17 como Paulo usa “nós” em conexão com o aparecimento de Cristo. As palavras “o tempo dos mortos para que sejam julgados”, em Apoc. 11:18 não significam que os ímpios falecidos serão ressurgidos e julgados nesse tempo referido. Este verso encontra sua simples explicação em Apoc. 6:10, onde as almas dos mártires debaixo do altar clamam “Até quando, ó Senhor, santo e verdadeiro, não JULGAS E VINGAS NOSSO SANGUE NOS QUE MORAM NA TERRA?” Os mártires trucidados são para neste tempo serem julgados no sentido de serem vingados na ira de Deus sobre as nações da terra.
(2). Quanto a João 5:28,29, já mostramos que esta passagem não é concludente em ensinar uma ressurreição geral.
O mesmo, portanto, é verdade com referência a um julgamento geral.
(3). Rom. 14:10; 2 Cor. 5:10 e 2 Tim. 4:1, cremos, podem ser adequadamente agrupadas juntas como ensinando que todos – salvos e perdidos, vivos e mortos devem ser julgados, conforme dissemos em nossa declaração inicial sob a epígrafe de julgamento.
Mas, nem essas passagens, nem outras quaisquer, ensinam que todos devem ser julgados no mesmo tempo e da mesma maneira.
(4). 2 Tim. 4:8 refere-se ao julgamento das obras dos crentes.
Já tratamos deste julgamento. É para vir, segundo esta passagem, no aparecimento de Cristo – primeira fase de Sua vinda.
III. A PUNIÇÃO FINAL DOS ÍMPIOS
1. SERÁ ETERNA.
Mat. 25:41; Apoc. 14:11. O sentido pleno destas passagens é que a punição dos ímpios será sem fim.
2. CONSISTIRÁ DE SOFRIMENTO CONSCIENTE.
Na última passagem a cima dada é nos dito que os ímpios “não terão descanso de dia nem de noite”. Isso envolve sofrimento consciente. Alguns contendem que a punição final dos ímpios consistirá somente de aniquilamento. A passagem precedente nega isto. Não obstante, examinaremos os fundamentos desta contenção. São:
(1). Malaquias 4:1-3
Esta passagem refere-se somente à destruição física dos ímpios logo prévia ao assentamento do reino milenial. Esta passagem, em substância, é paralela a Isa. 24:17-22, 26:20,21; 34:1,2; 66:15,16,24; Zac. 14:12-15; Mat. 25:41-46; 2 Ped. 3:7. Esta destruição terá logar em conexão com a batalha de Armagedon, mas aqui não há aniquilamento. Isto é claro de Isa. 24:22 e 66:24.
(2). A descrição desta punição como a “segunda morte”.
A “segunda morte” corresponde à morte da raça de Adão e não a morte física. Por esta morte o homem foi incapacitado para a comunhão de Deus e trazido sob a ira de Deus, mas não foi posto além da esperança ou alcance de Deus. A “segunda morte” traz a execução da ira de Deus pela “continuação da morte espiritual numa outra existência sem tempo”. (E. G. Robinson); um banimento completo da presença de Deus. Assim a “segunda morte” não implica inexistência mais do que o presente estado de morte espiritual do pecador. Marcos 9:48 mostra claramente que os ímpios no Geêna retêm existência consciente. “Salgados com fogo” pode significar que o fogo terá com o sal uma qualidade conservadora.
(3). A declaração que os incrédulos devem perecer.
Lucas 13:3; Atos 8:20; 1 Cor. 1:18. Mas, que este perecer não denota aniquilamento, está provado pelo fato que a palavra grega em Atos 8:20 é a mesma palavra usada para descrever a perdição da besta (Apoc. 17:8), e achamos que a besta ainda está no lago de fogo mil anos mais tarde (Apoc. 20:10). Um ser aniquilado não pode nunca estar em logar algum depois. A palavra grega nas outras duas passagens é a mesma palavra usada para “perdidos” em Mat. 10:6; Luc. 15:24; 19:10; 2 Cor. 4:3, onde aniquilação não pode ser o sentido.
(4). A representação da punição final dos ímpios como destruição
Rom. 9:22; 2 Tess. 1:9. A palavra grega em Rom. 9:22 é a mesma como perdição em Apoc. 17:8, que não expressa aniquilamento, como faz pouco apontamos acima. E a palavra grega em 2 Tess. 1:9 é a mesma usada para a destruição da natureza carnal em 1 Cor. 5:5; e sabemos que a natureza carnal não é aniquilada nesta vida.
Finalmente, o fato que há de haver graus de punição, por causa do qual ela será “mais tolerável” para uns do que para outros (Mat. 11:20-24) mostra que a punição final do pecador não é aniquilamento, porque, num caso tal todos os pecadores sofreriam a mesma penalidade e seria tolice falar de aniquilamento como sendo mais tolerável para uns do que para outros.
(5). A representação escriturística de imortalidade como algo a ser buscado pelo homem (Rom. 2:7), revelada pelo Evangelho (2 Tim. 1:10), é só conseguida na ressurreição dos justos (1 Cor. 15:53,54).
Destes fatos se argue que os ímpios, não tendo conseguido a imortalidade por meio do Evangelho, cessam de existir na morte ou subseqüentemente. Mas a imortalidade nestas passagens, à luz de Marcos 9:48; Lucas 16:22 e Apoc. 14:11, não pode ser entendida como significando mera existência sem fim ou isenção de aniquilamento; antes quer dizer completa imortalidade, incluindo o corpo bem como a alma. De fato, isto é o único sentido em que o Novo Testamento usa a palavra. Ele nunca faz a imortalidade significar mera existência sem fim da alma. (Contudo a palavra inglesa tem este sentido e a palavra grega foi assim empregada no grego clássico). Logo, não há absolutamente força no argumento que o homem deve conseguir isenção do aniquilamento por meio do Evangelho e da ressurreição.
3. SERÁ DE ACORDO COM O SEU MERECIMENTO.
Mat. 11:21-24; Luc. 12:47-48; Rom. 2:6,12; Apoc. 20:13. Estas passagens ensinam que haverá graus de punição baseada na luz possuída pelo indivíduo e segundo suas ações.
IV. A BEM AVENTURANÇA FINAL DOS JUSTOS.
Isto está descrito em Apoc. 21, onde se vê a Nova Jerusalém do céu para a nova terra. Os salvos formarão esta cidade celestial. Haverá para eles completa satisfação. Todo aborrecimento e causa de tristeza se acabam. À semelhança do seu Salvador os salvos aquentar-se-ão para sempre na luz solar do amor de Deus, adorando-O e servindo-O, regozijando-se na Sua comunhão e na de uns e outros.
Talvez “glória” é aquela palavra que melhor descreve a felicidade dos justos. Vide Rom. 8:18; 2 Cor. 4:17; Col. 1:27; Heb. 2:10; 1 Ped. 5:1. Esta glória consistirá em ser “glorificados juntamente” com Cristo, aquinhoando-se igualmente com Ele de toda a Sua glória adquirida, isto é, a glória que Lhe será conferida por causa de Sua obediência aqui na terra e Sua obra redentora. Somos co-herdeiros com Ele da Sua glória. Vide Rom. 8:17.
* É impossível por são exegese fazer a clausula “assim também todos serão vivificados em Cristo” abarcar os ímpios. Os ímpios não serão vivificados “em Cristo”. Sua ressurreição é matéria de justiça e não algo que derive da expiação. Se não houvera expiação, a mesma justiça que ora exige sua ressurreição tê-la-ia exigido da mesma maneira. A linguagem do verso inteiro tem seu paralelo em Rom. 5:18, onde os “todos os homens”, sobre quem o julgamento veio, são todos descendentes de Abraão; ao passo que os “todos homens”, sobre quem o livre dom para justificação de vida veio, são todos crentes.
Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Um comentário:
Nes
1. É PARA HAVER UMA RESSURREIÇÃO TANTO DOS JUSTOS COMO DOS ÍMPIOS
Isto está ensinado em Daniel 12:2 iniludível e inegavelmente.
2. MAS AS DUAS CLASSES NÃO SÃO PARA RESSURGIREM JUNTAS
(1). As Escrituras ensinam que haverá uma ressurreição separada dos justos.
As passagens que ensinam isto calham em duas classes:
A. Passagens que falam de uma ressurreição “dentre” os mortos. Há duas passagens tais: Luc. 20:35; Fil. 3:11.
A primeira passagem reza: “Mas os que forem havidos por dignos de alcançar aquele mundo e A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, nem hão de casar, nem ser dados em casamento”. Que este verso se refere a uma ressurreição em que só os justos falecidos participarão mostrado está de dois modos:
(a). A frase “ressurreição dos mortos” é a mesma como aquela que está sempre usada para designar a ressurreição de Cristo (Atos 17:31; Rom. 1:4; 1 Cor. 15:20; 1 Ped. 1:3) e é manifestamente diferente no sentido da frase genérica “ressurreição dos mortos”. A primeira frase não é nunca usada quando se alude tanto à ressurreição dos justos como à dos ímpios. Doutro lado da ressurreição de Cristo nunca se diz ser uma “ressurreição dos mortos”. Ele foi ressurgido dentre os mortos e assim será com os justos segundo a passagem em foco.
(b). Está este ensino confirmado pelo contexto da passagem. O verso em seguida ao em consideração conta-nos que aqueles que participam desta ressurreição não podem “morrer mais, porque são iguais aos anjos e são os filhos de Deus, sendo os filhos da ressurreição”. O autor foi uma vez abordado com estes versos como um argumento contra a ressurreição os ímpios. Sua resposta tomou o jeito do atual tratado. Francamente, se ela crera numa ressurreição geral, totalmente perdido estivera para responder ao argumento.
A segunda passagem acha Paulo dizendo: “Para ver se de alguma maneira posso chegar à RESSURREIÇÃO DOS MORTOS”. (Fil. 3:11). A teoria de uma ressurreição geral torna estas palavras sem sentido. Certamente Paulo não teria precisado de se preocupar com participar de uma ressurreição geral, pois ele creu tenazmente na ressurreição tanto dos justos como de ímpios. Vide Atos 24:15. Também a linguagem aqui é muito forte, empregando o ex, tem exanastasin tem ek nekron, significando, quando completamente traduzido, “a ressurreição fora de, que é dentre os mortos”. A linguagem não podia transmitir mais fortemente o sentido em que estamos aqui insistindo.
B. Passagens que descrevem a ressurreição dos justos somente. Tais passagens acham-se em 1 Cor. 15:21-23; 1 Tess. 4:14-16.
A primeira passagem aqui trata do assunto da ressurreição como se somente os justos serão ressuscitados (*). Isto é compreensível só sobre um fundamento e esse é que há uma ressurreição em que só os justos participam.
geral.
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