A OBRA DO ESPÍRITO NA SEGURANÇA
INTRODUÇÃO
O Senhor deseja que o seu povo goze da segurança na salvação. Durante o seu ministério terreno, nosso Salvador assegurou isso com Seus próprios lábios para aqueles que criam nEle (João 14:1-3; Lucas 23:43). Tendo subido ao céu nosso Salvador enviou-nos outro Consolador. Agora, o Espírito Santo tem uma obra definida produzindo segurança na salvação.
Antes de iniciarmos o estudo da obra do Espírito na segurança, vamos rever algumas verdades básicas referentes a esse assunto. Isso beneficiará àqueles que nunca estudaram esse assunto antes.
I A DOUTRINA DA SEGURANÇA
A. A possibilidade da segurança.
1. No passado o povo de Deus experimentou da segurança - Salmos 23:6; II Cor 5:1; Heb 11:13; Fil. 1:21; I João 4:16.
2. A Palavra de Deus declara que nós podemos ter segurança - I João 5:13; 3:14.
3. Deus manda procurarmos a segurança - II Pedro 1:10; II Cor 13:5.
4. A graça de Deus é a base da segurança - Rom 4:16
Aqueles que fazem que a salvação dependa, em parte, do trabalho do homem nunca poderão pregar segurança em Cristo. Isso é ilustrado em todos os grupos que ensinam que o homem deve obter ou manter sua salvação com as suas próprias forças.
B. A necessidade da segurança.
A segurança na salvação é necessária tanto para o gozo como para o serviço do crente. A base do nosso regozijar é a certeza da salvação (Luc 10:20; Rom 5:2). O serviço dos crentes não é motivado pelo medo, mas pela segurança (Rom 8:15; Gálatas 4:5-7). Não somos servos aterrorizados, mas filhos de Deus, alegres. Nossa fé opera por amor (Gálatas 5:6). A segurança completa pode não ser possuída por todos os crentes, nem possuída por qualquer um ao máximo, o tempo todo, mas cada crente deve procurar "fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição"(II Pedro 1:10).
C. A base da segurança.
A segurança "está baseada na Palavra de Deus, ou em nossa experiência"? Esta pergunta está enganando a muitos porque é uma provocação de experiência Cristã contra a Bíblia. É um engano firmarmos a nossa segurança em experiências que não têm base Bíblica, contudo nosso estudo contínuo evidenciará que a nossa experiência Cristã faz parte da segurança. Hoje muitos têm sido instruídos a "viver pela fé" sem nunca terem experimentado um trabalho da graça, e se acharão finalmente enganados. Rejeitar ensinos Bíblicos relativos à experiência Cristã em relação à segurança não é "fé em", mas, "ignorância de" a Palavra de Deus. Deixe-nos, então, entender que a Palavra de Deus é a base da nossa fé, e o juiz (em lugar de a substituição) de nossa experiência.
II. O TRABALHO DO ESPÍRITO NA SEGURANÇA.
Existem inúmeros trabalhos realizados pelo Espírito Santo na segurança. Para uma melhor compreensão dividiremos esses trabalhos em três categorias. Essas categorias podem ser referidas como "três níveis de segurança".
A. As condições do Evangelho - Atos 20:21, João 3:16, Lucas 13:3, Atos 10:43, Atos 17:30, Lucas 24:46-47.
Qualquer pessoa que queira segurança, certamente deve começar reconhecendo se têm sido satisfeitas as condições pelas quais Deus perdoa os pecadores. Essas condições claramente são: o arrependimento e a fé. Lembre-se que mesmo que ambos, o arrependimento e a fé, sejam expressados pelo homem, contudo as habilitações provêm do poder do Espírito Santo.
1. Arrependimento - não deve ser confundido arrependimento Evangélico com penitência ou reforma. Arrependimento é uma " mudança de mente" que envolve:
a. Uma convicção da impiedade pessoal.
b. Uma tristeza piedosa do pecado - II Coríntios 7:10.
c. O desejo de ser perdoado e limpo do pecado. O verdadeiro arrependimento envolve muito mais do que um desejo de perdão. O pecador verdadeiramente arrependido deseja a salvação da penalidade, do poder e da presença do pecado.
O arrependimento não deve ser confundido com o afastamento do pecado, o voltar-se a Deus e a fé em Cristo. Essas coisas sempre seguem o arrependimento e verificam sua presença, contudo eles devem ser distinguidos (Marcos 1:15, Atos 26:20, Atos 3:19, Mateus 3:8).
2. Fé - A fé salvadora não deve ser confundida com um mero consentimento histórico (Tiago 2:19), ou com uma experiência emocional temporária.
A verdadeira fé envolve:
a. Uma convicção espiritual da verdade, do evangelho (I Coríntios 2:45, I Tessalonicenses 1:4-5 e 2:13).
b. Um coração inteiramente voltado a Jesus Cristo para a salvação (Romanos 10:8-10, Atos 16:30-31)
Alguns podem desejar saber o porquê nós não encerramos nossa discussão sobre a segurança nesse ponto. Porém o fato de as Escrituras terem muito mais a dizer sobre a segurança revela que uma pessoa, pode arrepender-se verdadeiramente e confiar em Cristo mesmo que ainda não tenha a segurança completa. A segurança não faz parte da essência da fé. Olhar para Cristo para a salvação não é o mesmo que saber que Ele nos salvou (I João 5:13, II Coríntios 13:5). Os cristãos novos freqüentemente temem que sua fé não seja verdadeiramente a fé salvadora. Dúvidas sobre suas experiências e estado podem atormentá-los.
Aqueles que ensinam que a fé e a segurança são iguais confundem a muitos. Eles dizem freqüentemente "se você tem confiado em Cristo, verdadeiramente você não tem dúvidas." Isso é o mesmo que fundar a segurança em nossa experiência de segurança e isso é muito desconcertante para o fraco ou trêmulo filho de Deus. Isso é o mesmo que ensinar que temos que acreditar que somos salvos para que sejamos salvos.
A doutrina Bíblica prega que a segurança é o ato natural de reflexo, ou conseqüência da fé. A segurança deveria seguir a fé como resultado de um auto-exame e estudo das Escrituras (I João 5:13).
Tendo discutido esse assunto nós queremos proceder com os outros "níveis" da segurança. Através desses níveis o jovem crente chegará à segurança completa.
B. O fruto da regeneração.
Como a pessoa pode saber se a fé que ela tem é verdadeiramente "a fé do eleito de Deus"? O livro de I João foi escrito em sua totalidade como resposta a esta pergunta (I João 5:13). Podemos ver que aqueles que têm renascido verdadeiramente terão certamente evidências em suas vidas. Da mesma maneira que o "Pato Feio" reconheceu sua verdadeira identidade vendo seu reflexo, assim o crente vê maior segurança não só nas marcas da regeneração explicadas na Escritura, mas também nas que são produzidas em seu próprio coração. O Espírito testemunha em conjunto com nosso próprio espírito, dando-nos a certeza de sermos filhos de Deus (Romanos 8:16). Não é o testemunho de nosso próprio espírito a prova pessoal de que o Espírito Santo nos fez novas criaturas em Cristo (II Coríntios 5: 17)?
Nosso Senhor disse que uma árvore é reconhecida por seus frutos (Mateus 7:17-20). Paulo soube que as pessoas de Tessalônica eram eleitas devido o trabalho do Espírito Santo em suas vidas (I Tessalonicenses 1:4-6). A seguir estão listadas algumas das marcas da regeneração que verdadeiros crentes reconhecerão em suas vidas:
1. Consciência da depravação pessoal - I João 1:8 e 10, Mateus 5:3-4, Romanos 7:22-25.
2. Um novo desejo de obedecer a Deus - I João 2:3, 5:2-3, 3:18-19, Romanos 8:14.
3. Amor para com o povo de Deus - I João 3:14-15.
4.Fé duradoura - I João 5:4.
5. Ouvidos abertos para a Palavra de Deus - I João 4:6.
6. Amor para com Deus - I João 4:19.
7. Uma nova atitude para com o sistema deste mundo - I João 2:15.
Deixe-me concluir esta seção recordando o leitor que as marcas da regeneração não nos salvam porém revelam que somos salvos. O lado espiritual da salvação é chamado "novo nascimento" porque produz em nós semelhanças com o nosso Pai Divino (II Pedro 1:4, Colossenses 3:10). São estas características manifestas em sua vida?
C. O testemunho do Espírito.
Em Romanos 8:16 aprendemos que o Espírito Santo testemunha o advento da nossa salvação. Isso acontece em conjunção, mas diferente daquilo que é testemunhado por nosso próprio espírito sobre a nova vida que temos em Cristo. O testemunho do Espírito é uma demonstração interna do amor de Deus para conosco e a nossa aceitação por Cristo.
Nas Escritura o Espírito Santo às vezes é chamado de "espírito de adoção" (Romanos 8:15, Gálatas 4:6-7). Isso porque Ele, na verdade, faz com que o crente sinta-se como um filho de Deus e incita-o a recorrer a Deus em oração. Os que confiam em Cristo estão livres do espírito de escravidão e é muito natural olharem para Deus como Pai.
Por isso o Espírito leva-nos a clamar "Abba, Pai". Abba é uma palavra que significa "pai" e não era permitida aos escravos usarem em relação a homens livres. Isso revela o novo espírito de liberdade que o crente sente. O Espírito Santo permite que o crente sinta-se como "filho" ao invés de "criado" de Deus (Gálatas 4:5-7).
Além disso o "testemunho do Espírito" envolve uma manifestação direta do amor e da presença de Deus na alma do crente. Em Romanos 5:5 onde o contexto é a segurança, nós achamos o Espírito de Deus derramando amor em seus corações. Na verdade podemos conhecer o amor que Deus tem por nós (I João 4:16). Cristo prometeu manifestar-se a aqueles que O amam (João 14:21). Ele ceará com aqueles que se abrirem a Ele (Apocalipse 3:20). Mesmo que não possamos desfrutar totalmente das manifestações do amor de Deus, contudo como a noiva em Cantares de Salomão devemos orar para que o Espírito traga essas manifestações do amor a nós (Cantares de Salomão 1:2, 2:3-6). O testemunho do Espírito é a forma mais alta de segurança, e todo filho de Deus deveria desejar experimentar isso com claridade e poder crescente. "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós". (Tiago 4:8).
Conclusão
Em um estudo sobre um assunto como esse não devemos desejar satisfazer-nos com um mero aprendizado intelectual. Que proveito há no conhecimento da segurança, se nós não a possuímos?
- Por que devem os filhos de um Rei
Lamentar toda a vida?
Grande Consolador! desça e traga
Algumas amostras de sua graça.
- Não habitas em todos os crentes,
E os sela herdeiros do céu?
Quando me livrarás das minhas reclamações,
E mostrando-me meus pecados perdoados?
Assegure minha consciência
No sangue do Redentor;
E sele Teu testemunho em meu coração,
Que eu sou nascido de Deus.
Isaac Watts
Autor: Pr Ron Crisp
Tradução: Albano Dalla Pria
Revisão e Editoração: Calvin Gardner
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